08 novembro 2005

Eu vi (através da TV)... afinal tudo era de mentira!

América, o império do "doping"

Milhões de espectadores assistiram em 1988 a uma das mais empolgantes corridas de 100 metros em Jogos Olímpicos. Lado a lado lutaram ao milésimo de segundo o norte-americano Carl Lewis, vencedor de quatro medalhas de ouro em Los Angeles 1984, e o canadiano Ben Johnson, que nos Mundiais do ano anterior surpreendera Lewis e batera o recorde mundial. O “sprinter” que pouco tempo antes era apenas um atleta mediano fez uma corrida extraordinária e estabeleceu uma nova melhor marca mundial da distância (9,79s). A euforia gerada pelo novo “super-homem” depressa se transformou em escândalo, quando Johnson chumbou no controlo “antidoping” que se seguiu e perdeu a medalha para Lewis.

O canadiano consumira esteróides anabolizante durante mais de sete anos e esperava ganhar daí alguma vantagem em Seul. Aparentemente, atingiu o seu objectivo no momento da corrida. E essa foi a versão do caso que prevaleceu durante os largos anos em que Lewis criticou Johnson e condenou publicamente o uso de dopantes.

O que as equipas médicas do Comité Olímpico Internacional (COI) não sabiam na altura era que a ficha de “King” Lewis estava tão suja como a do canadiano. Aquele que ainda figura na galeria de heróis no sítio do COI e na história dos Jogos Olímpicos é um dos mais de cem atletas norte-americanos cujos controlos positivos foram camuflados pelo Comité Olímpico dos EUA (USOC) nos finais dos anos 80 e na década passada.

(continua...)
Steve Bechler foi uma das vítimas da recusa de patrões e associações de jogadores em tomarem medidas realistas. Em Fevereiro, o jovem lançador dos Baltimore Orioles morreu de insolação, porque três comprimidos de efedrina levaram a que agissem em conjunto outros factores, como o tamanho anormal do coração e uma dieta rigorosa, quase sem alimentos sólidos. Nessa altura, a Food and Drug Administration revelou que já tinha registado pelo menos cem mortes ligadas à efedrina. No futebol americano, 90 por cento dos jogadores dopa-se; há dez anos, a vida de um homem norte-americano era de 71 anos, mais 14 do que um jogador.
Artigo da PÚBLICA de 30 de Novembro

Fonte: http://podium.publico.pt/shownews.asp?id=1177410&idCanal=987