Compreender o grande irmão africano (30 anos da independência de Angola)
"QUEM foi o português que não vibrou com a classificação de Angola para o Mundial de futebol na Alemanha em 2006? Ou quem não sabe que PEDRO MANTORRAS é o angolano mais idolatrado em Portugal? E há alguém que não conheça JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS? Ou NAYMA? Ou PEPETELA? Ou que não tenha ouvido falar no novo líder da UNITA, ISAÍAS SAMAKUVA? E quem não conhece onde se come boa moamba em Lisboa ou onde se dança ao ritmo do kuduro angolano?
Por muitas crispações que tenha havido, a nível político, entre Luanda e Lisboa, o facto é que tudo o que diz respeito a Angola é familiar aos portugueses e vice-versa. Não por acaso, o Presidente de Angola não perde um jogo do FC Porto e muitos angolanos trabalham, estudam ou passam férias por cá. Isto não basta para manter a relação entre dois povos que as vicissitudes da História juntaram. Mas é uma boa base para o futuro. Angola está a mudar rapidamente desde que alcançou a paz após a morte de Savimbi, a 22 de Fevereiro de 2002.
Essa mudança assenta em quatro factores. Primeiro, o clima de paz, essencial para que a economia se desenvolva. Segundo, a alta estrutural do preço do petróleo, que aumenta as receitas do Estado angolano. Terceiro, a volumosa linha de crédito aberta por Pequim destinada à reconstrução de muitas infra-estruturas. Quarto, a regularização das dívidas a países credores, entre os quais Portugal.
Tudo isto potencia o crescimento da economia angolana, que será o maior do mundo este ano e no próximo. É um quadro que recomenda grande atenção por parte de Lisboa. O Governo deveria dar sinais claros de que Angola é uma prioridade para Portugal, quer aumentando a actual linha de crédito para Angola de 100 milhões para 500 milhões de dólares, quer criando um departamento permanente no Ministério dos Negócios Estrangeiros para acompanhar tudo o que diga respeito aquele país.
Os empresários devem perceber que a aposta vencedora naquele mercado passa por entender os anseios de Luanda de angolanização dos quadros das empresas estrangeiras ou de que os investimentos sejam partilhados com empresários angolanos.
É na base desse entendimento, do respeito sem subserviências e da responsabilidade social para com o povo angolano que assentará o sucesso dos que queiram trabalhar no grande país irmão de África."
Jornal Expresso – Edição especial sobre os 30 anos da independência de Angola
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